domingo, 23 de dezembro de 2012

FOMOS FEITOS PARA O QUÊ?





                                                      Reis Magos- Antônio Poteiro
Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos…
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.


                  (Poema de Natal - Vinícius de Moraes)

 

8 comentários:

  1. Graça, que maravilha! Sempre amei esse poema do Vinicius. Quando eu era adolescente, tinha-o - emoldurado - numa parede de meu quarto. Valeu por Buarque também... sempre Buarque. Valeu por Teresa Cristina. Um beijo, minha amiga.

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  2. Fábio, manter esse blog por suas visitas já me dá alegria!
    Obrigada, meu amigo, não tenho palavras pra manifestar minha alegria ao vê-lo sempre por perto, apoiando e incentivando.
    Beijos,

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    1. Graça, amor meu, você sabe que sou fã de seu 'blog', o melhor que conheço. Ele é lindo mesmo! Um beijo imenso. Fábio Brito

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  3. Linda, Gracita, como sempre, a sua mensagem. Culminando com a Teresa, a rainha da simplicidade. Bela maneira de terminar (e começar) o ano. Bjs. Enéas

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  4. Graça, querida, estou sentindo falta de novidades... Volte! Beijos.

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  5. Graça, eterno "mormeu", passear por aqui, por este seu lindo 'blog', é sempre uma ida ao céu, sabia? E um céu carregadinho de estrelas, como as da canção "Boi de Haxixe", do Baleiro, "feitas com caneta Bic num papel de pão", que é algo poético à beça. Tudo o que está aqui, filtrado por sua sensibilidade única, deixa nossa alma mais leve. Tudo o que vem de você, minha amiga, 'nos' espiritualiza, 'nos' humaniza. Se a "poesia" é a finalidade maior de toda ARTE, sua delicadeza, querida minha, mostra-nos isso claramente. O material que você escolhe - e que material! - é a prova cabal de que o mundo está precisando - e muito! - do "feminino encanto / pra que não falte a vida quando for preciso", como diz a bela, epifânica letra de "(O) navegante", do magnífico Sidney Miller. O feminino precisa renascer. Sabe 'pra' quê? Para que o mundo possa respirar. Bem disse nossa querida Adélia Prado que o feminino é algo guardado na alma e que brilha no corpo. Está brilhando aí, nesses "textos" maravilhosos trazidos à tona por você. Um beijo gigante. Meu melhor beijo. Fábio Brito

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  6. Fábio, querido amigo,

    Que domingo é esse, de choro, de lembranças desse blog que já me deu tanta alegria, que de alegrias guardadas foi feito, mas de saudade e de tristezas, também. Alguma novidade escrevi? Não, nenhuma, só mesmo coisas de fomos feitos. Obrigada e outro beijo.

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    1. Querida Graça, tudo o que está aí é sempre novo, é sempre lindo. Um beijo imenso.

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