Foto: Pedro Rossi |
"Ando com uma vontade tão grande de receber todos os afetos, todos os carinhos, todas as atenções. Quero colo, quero beijo, quero cafuné, abraço apertado, mensagem na madrugada, quero flores, quero doces, quero música, vento, cheiros, quero parar de me doar e começar a receber. Sabe, eu acho que não sei fechar ciclos, colocar pontos finais. Comigo são sempre vírgulas, aspas, reticências. Eu vou gostando, eu vou cuidando, eu vou desculpando, eu vou superando, eu vou compreendendo, eu vou relevando, eu vou… e continuo indo, assim, desse jeito, sem virar páginas, sem colocar pontos. E vou dando muito de mim, e aceitando o pouquinho que os outros tem para me dar."
“Nenhuma luta haverá jamais de me embrutecer, nenhum cotidiano será tão pesado a ponto de me esmagar, nenhuma carga me fará baixar a cabeça. Quero ser diferente, eu sou, e se não for, me farei.”
" Mas se você não me procura é por que consegue viver bem.
Que bom que sou forte, que bom que suporto, que bom que sou criativa e até me divirto e descubro a gota de mel no meio do fel. Colei aquele “Eu amo você” no espelho. É pra mim mesmo.
Ela sempre fez o que quis. Mas não com…Com agressividade, entende? Quero dizer, ela está sempre tão dentro dela mesma que qualquer coisa que faça não é nem certa nem errada. É simplesmente o que ela podia fazer.
Então, que seja doce. Repito todas as manhãs, ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias, bem assim, que seja doce.
Porque você não pode voltar atrás no que vê. Você pode se recusar a ver, o tempo que quiser.
Que bom que sou forte, que bom que suporto, que bom que sou criativa e até me divirto e descubro a gota de mel no meio do fel. Colei aquele “Eu amo você” no espelho. É pra mim mesmo.
Ela sempre fez o que quis. Mas não com…Com agressividade, entende? Quero dizer, ela está sempre tão dentro dela mesma que qualquer coisa que faça não é nem certa nem errada. É simplesmente o que ela podia fazer.
Então, que seja doce. Repito todas as manhãs, ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias, bem assim, que seja doce.
Porque você não pode voltar atrás no que vê. Você pode se recusar a ver, o tempo que quiser.
"..Sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você, eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia.
E eu me pergunto se você já parou para pensar: Cara, eu sinto falta dela."
Coragem às vezes é desapego!"
"Ela é uma moça de poses delicadas, sorrisos discretos e olhar misterioso. Ela tem cara de menina mimada, um quê de esquisitice, uma sensibilidade de flor, um jeito encantado de ser, um toque de intuição e um tom de doçura. Ela reflete lilás, um brilho de estrela, uma inquietude, uma solidão de artista e um ar sensato de cientista. Ela é intensa e tem mania de sentir por completo, de amar por completo e de ser por completo. Dentro dela tem um coração bobo, que é sempre capaz de amar e de acreditar outra vez. Ela tem aquele gosto doce de menina romântica e aquele gosto ácido de mulher moderna.
Caio Fernando Abreu
Caio Fernando Abreu nasceu em Santiago, no Rio Grande do Sul, em 1948, e morreu em Porto Alegre, em 1996. É considerado um dos grandes contistas brasileiros. Escreveu, entre outros livros, Morangos mofados, Triângulo das águas, Onde andará Dulce Veiga, Pedras de Calcutá, Os dragões não conhecem o paraíso, Inventário do irremediável, Fragmentos e O ovo apunhalado (os dois últimos publicados na coleção L&PM POCKET). Ganhou os prêmios Jabuti de 1984 e 1989.
Em tempo: Este post vai para Fábio Brito e todos os outros dez leitores deste blog que não deixam que eu acabe com ele, mas ele também é feito pra acabar.