LA FIRA DE BELLCAIRE - Encants Vells - Barcelona |
Quando resolvi criar o P&P convidei o Fábio para me fazer companhia e que me respondeu em "cima da bucha": Com você vou até pro inferno! Mal sabia ele que ao invés de me deixar mais confiante, aumentava a minha responsabilidade frente a ele e à ideia do P&P.
O Fábio é um homem das Letras. Professor, entusiasta da arte da escrita desperta, não apenas nos alunos, em todos, o prazer pela leitura. Com sua sensibilidade e como se lesse meus pensamentos, assistisse aos meus momentos e advinhasse o que eu precisasse ouvir/ler, sempre me presenteia com uma poesia, um novo título, uma música, ou uma letra de música. Esses muitos presentes, não têm preço, têm marca, a que nos tornou parceiros, a marca de nossa amizade.
Nada de inferno. Quando o Fábio nos traz suas colaborações vamos direto ao paraíso.
É assim que ele se apresenta e não poderia ser diferente.
"(...) Multipliquei-me, para me sentir
Para me sentir, precisei sentir tudo,
Transbordei, não fiz senão extravasar-me,
Despi-me, entreguei-me,
E há em cada canto da minha alma um altar a um deus diferente."(...)"
Para me sentir, precisei sentir tudo,
Transbordei, não fiz senão extravasar-me,
Despi-me, entreguei-me,
E há em cada canto da minha alma um altar a um deus diferente."(...)"
(Fragmento de 'Passagem das horas', de Álvaro de Campos, heterônimo e Fernando Pessoa)
.............
"(...) Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeirmente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil. É porque eu não quis o amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão e a transforma em oferenda. (...) É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria -
e não o que é. É porque ainda não sou eu mesma,
e então o castigo é amar um mundo que não é ele. (...)"
"(...) Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeirmente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil. É porque eu não quis o amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão e a transforma em oferenda. (...) É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria -
e não o que é. É porque ainda não sou eu mesma,
e então o castigo é amar um mundo que não é ele. (...)"
(Fragmento de 'Perdoando Deus', de Clarice Lispector)
Fui morena e magrinha como qualquer polinésia,
e comia mamão, e mirava a flor da goiaba.
E as lagartixas me espiavam, entre os tijolos e as trepadeiras,
e as teias de aranha nas minhas árvores se entrelaçavam.
Isso era num lugar de sol e nuvens brancas,
onde as rolas, à tarde, soluçavam mui saudosas...
O eco, burlão, de pedra em pedra ia saltando,
entre vastas mangueiras que choviam ruivas horas.
Os pavões caminhavam tão naturais por meu caminho,
e os pombos tão felizes se alimentavam pelas escadas,
que era desnecessário crescer, pensar, escrever poemas,
pois a vida completa e bela e terna ali já estava.
Como a chuva caía das grossas nuvens, perfumosas!
E o papagaio como ficava sonolento!
O relógio era festa de ouro; e os gatos enigmáticos
fechavam os olhos, quando queriam caçar o tempo.
Vinham morcegos, à noite, picar os sapotis maduros,
e os grandes cães ladravam como nas noites do Império.
mariposas, jasmins, tinhorões, vaga-lumes
moravam nos jardins sussurrantes e eternos.
E minha avó cantava e cosia. Cantava
canções de mar e de arvoredo, em língua antiga.
E eu sempre acreditei que havia música em seus dedos
e palavras de amor em minha roupa escritas.
Minha vida começa num vergel colorido,
por onde as noites eram só de luar e estrelas.
Levai-me aonde quiserdes! - aprendi com as primaveras
a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira.
("Desenho" de Cecília Meireles)
..................
Hoje, o presente é seu.
Graça, minha amiga mais que querida, estou aqui, bobo e chorando com tanto 'trem' bonito, vu? Queria mesmo era dar um abraço e um beijo em você. Aguarde-me. Fábio
ResponderExcluir